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MOSTRA CINEBH APRESENTOU O CINEMA PARA O MUNDO E BRASIL CINEMUNDI CONSOLIDA-SE COMO FÓRUM DE DEBATES, ENCONTROS, COOPERAÇÃO E NEGÓCIOS
Publicada em: 24.10.2014

 Evento reuniu mais de 150 profissionais brasileiros e 21 internacionais da indústria audiovisual ampliando as possibilidades de inserção do cinema brasileiro no mercado global


De 16 a 23 de outubro, a 8ª Mostra CineBH movimentou a  capital mineira apresentando o melhor do cinema brasileiro e internacional e consolidou-se como espaço de lançamento e discussão da mais significativa produção cinematográfica contemporânea.

A temática desta edição colocou em foco os “Desafios da Cinefilia” nos tempos atuais e através de filmes, debates, diálogos e encontros, profissionais do audiovisual, acadêmicos, críticos de cinema mapearam a cultura de cinema contemporâneo para repensar os modos como a crítica, público e cineastas relacionam o mundo com o cinema e o cinema com os impasses atuais da arte e do pensamento.

Em oito dias de programação intensa e gratuita, foram exibidos 98 filmes, de 20 países e 12 estados brasileiros – em pré-estreias nacionais e internacionais, retrospectivas e mostras temáticas em três dos principais espaços culturais de Belo Horizonte - o Palácio das Artes, o Sesc Palladium e o recém inaugurado Centro Cultural Banco do Brasil. O evento beneficiou um público estimado em mais de 12 mil pessoas de diferentes idades.

O cinema aproxima povos e continentes. A Mostra CineBH colocou a capital mineira no centro do diálogo entre o cinema brasileiro e o mercado internacional, ao promover, o Brasil CineMundi – Encontro Internacional de Coprodução, que nesta edição recebeu mais de 150 profissionais brasileiros,  21 representantes da indústria audiovisual mundial de 11 países (Alemanha, Brasil, França, Holanda, Portugal, Itália, Suíça, EUA, Argentina, Uruguai e Chile), para conhecer projetos de longas brasileiros, compartilhar experiências, participar de debates,  rodadas de negócios, agenda de relacionamentos e estabelecer parcerias para inserção do cinema brasileiro no mercado global.

Tornou-se referência pela qualidade dos 10 projetos de longas brasileiros em fase de desenvolvimento e pré-roteiro selecionados para os meetings one-to-one, encontros de negócios para plateia de produtores, representantes de fundos, agentes de vendas e profissionais que querem coproduzir com o Brasil. Uma das novidades do 5º Brasil CineMundi em 2014 foi a introdução da categoria - Doc Brasil Meeting -  dirigida aos projetos de documentário brasileiro com intuito de fortalecer as redes de trabalho e a cooperação para a produção e distribuição da produção brasileira, além do compartilhamento de experiências com os convidados internacionais. O programa, com meetings, palestras e workshops, foi um espaço importante para reflexão, articulação e relato de experiências com profissionais da América Latina, Europa e EUA.

Ao todo, foram promovidos 165 encontros de coprodução. Os projetos foram avaliados por um júri formado por Eva Morsch Kihn, do Cinélatino (França), Sandino Saravia Vinay, produtor  (Uruguai), e Felipe Bragança, roteirista e cineasta (Brasil). O vencedor foi o projeto “A Mensageira”, da produtora baiana Coisa de Cinema, direção de Marília Hughes e produção de Cláudio Marques. O projeto ganhou o Troféu Horizonte, mais de 100 mil reais em materiais e serviços cinematográficos de empresas parceiras, uma vaga para o produtor participar do Torino Film Lab, evento que acontece na Itália em novembro, voltado ao incentivo e orientação para desenvolvimento de coproduções internacionais.

“Nossos 14 encontros com as mais diversas empresas interessadas em coprodução com o Brasil foi de extremo aprendizado”, diz Marília Hughes, diretora do projeto vencedor “A Mensageira”. “Precisamos buscar novas parcerias, pois o público do cinema de autor está espalhado pelo mundo”. Por sua vez, seu parceiro e produtor, Cláudio Marques, conta que a escolha como melhor projeto do Brasil CineMundi “representou uma grande surpresa, pois eu sei bem que o nível era alto. Agora não tem mais volta: o filme 'A Mensageira' será realizado! Demos um gigantesco passo”.

A premiação contemplou também outros projetos e produtores, graças ao sistema de parceria e cooperação entre o Brasil CineMundi e três eventos de mercado internacional. “Aos Olhos de Ernesto”, da Casa de Cinema de Porto Alegre (direção de Ana Luiza Azevedo e produção de Nicky Klöpsch), e “Felis Domesticus”, da Avoa Filmes (direção de Gustavo Vinagre e produção de Max Eluard), ganharam credenciamento para o Ventana Sur, em dezembro, na Argentina. “A Mensageira”, além da premiação principal, foi escolhido pelo programa Cinélatino, realizado em Toulose (França), para participar do evento em março de 2015.

Na programação do Seminário Brasil CineMundi, diversos temas foram propostos e refletidos ao longo de cinco dias de debates, masterclasses e workshops, como Desenvolvimento de Projetos e Regionalização, Panorama de Eventos de Mercado para Documentários, Estratégias de Vendas, Distribuição e Promoção em Festivais e orientação para roteiristas. Uma das questões levantadas foi a da crise do cinema de autor pelo mundo, com dificuldades de produção e a necessidade de parcerias para expandir a circulação a eventos internacionais. “Entrei no mercado estrangeiro como saída para o cinema de autor, pois dificilmente meus filmes atingem grande público no Brasil”, disse Sara Silveira, da Dezenove Som e Imagem.

O produtor e colaborador da Mostra CineBH, Sandro Fiorin, frisou a necessidade de um bom agente de vendas, que conheça os filmes com os quais trabalha e procure festivais que tenham o perfil do trabalho. “Quando fiz o 'Castanha', do Davi Pretto, senti que ele poderia se encaixar no Festival de Berlim, e assim funcionou, e o filme saiu de lá muito elogiado”, relembrou Fiorin, durante o estudo de casa em torno do longa de Pretto. Nestas conversas, chegou-se à questão de que a produção independente, ao mesmo tempo em que precisa das coproduções, enfrenta resistências, por se configurar com um cinema mais exigente e arriscado. As parcerias, então, ampliam-se por mais países, o que permite que elas cheguem mais longe.

A importância destas parcerias se reafirmou em diversos depoimentos de convidados estrangeiros, assim como a dos fundos de investimento e de apoios à realização. “Os roteiros precisam estar muito bons, completos, muito redondos, porque recebemos propostas demais e a seleção é rigorosa”, ressaltou Séverine Roinssard, produtora da Parati Films e integrante da Fabrique des Cinémas Du Monde, na França.

Nos encontros com representantes do governo e da Ancine (Agência Nacional do Cinema), o principal tema foram as possibilidades do Fundo Setorial do Audiovisual, através de suas cartelas e linhas de projeto. A diretora Rosana Alcântara e os Superintendentes Felipe Vogas e Marcos Tavolari foram os representantes do órgão que ministraram palestras sobre o assunto. O papel das coproduções também esteve em pauta. “O Brasil teve 82 coproduções realizadas entre 2005 e 2013, sendo Portugal liderando com 14 títulos. A Argentina teve oito trabalhos conosco. Outros países são EUA, Cuba, Chile, Espanha, México, Uruguai e Japão, entre muitos mais”, disse a diretora Rosana. 

O público aproveitou as oportunidades para entender os mecanismos de fomento ao audiovisual e como se dão os processos de escolha do que ser financiado. Alguns aspectos foram frisados pelos representantes da Ancine, entre eles a regionalização dos editais, o que evita que projetos de Estados com mais produtores ou condições concentrem a verba. Nesse sentido, o programa Brasil de Todas as Telas foi apresentado como destaque, devido ao investimento de R$ 1,2 bilhão no setor, parceria com 23 Estados e 15 editais. Guigo Pádua, representante da Secretaria do Audiovisual, anunciou um novo compromisso da pasta com a volta da Programadora Brasil e o aprimoramento do DocTV”.

A cada edição da Mostra CineBH e do Brasil CineMundi, a Universo Produção oferece um programa de capacitação e renova seu compromisso com a formação de profissionais para o cinema brasileiro – questão vital para o desenvolvimento da indústria cinematográfica. Este ano, foram nove modalidades para o público adulto, entre oficinas, masterclasses e workshops que certificaram 360 alunos.

Uma das atrações mais disputadas da 8ª CineBH foi as três masterclasses com o  crítico estadunidense Tag Gallagher. Autor de importantes livros, ele circulou com simpatia e bom humor pela mostra e ministrou três encontros com o público, cada um sobre um grande cineasta – no caso, Roberto Rossellini, John Ford e Max Ophuls. Após a exibição dos filmes, Gallagher apresentou os videoensaios de sua autoria e conversou com os espectadores, respondendo a perguntas e refletindo sobre questões de linguagem, história e estética do cinema.

Duas retrospectivas de autor integraram a programação. Uma delas apresentou a filmografia do ex-critico e cineasta francês Olivier Assayas e a outra foi a retrospectiva do cineasta argentino Santiago Loza – autor, diretor e produtor com uma premiada trajetória mundo afora. Ele marcou presença no evento e realizou uma masterclass, falando sobre sua experiência de realizador e sua atuação em outras áreas, entre elas a literatura e o teatro. “A escrita me dá a possibilidade de compartilhar com outras pessoas a experiência e criar uma coletividade, algo que nem sempre é possível pelo cinema”, contou. “Meu cinema não é popular na Argentina, ele circula muito mais pelos festivais e pela internet. O teatro curiosamente me permite mais contato com o público”. Ainda assim, Loza realizou sete longas-metragens, todos exibidos na mostra, entre eles o premiado “Extraño” (2003).

O cinema conquistou novos públicos durante a 8ª Mostra CineBH. O público infanto-juvenil teve programação garantida com a realização da Mostrinha de Cinema que apresentou sete filmes brasileiros para agradou toda família e com a realização do programa Cine-Expressão- A Escola vai ao cinema, que promoveu oito sessões cine-escola, seis cine-debates beneficiando de mais de 3000 alunos inscritos. 
“Foi uma temporada audiovisual abrangente, contemporânea e histórica em filmes e atitudes que reafirmou a importância do evento como instrumento de formação, capacitação e agente facilitador no diálogo do cinema brasileiro com o mercado internacional. Aproximou profissionais brasileiros de representantes da indústria audiovisual, promoveu ações de cooperação e parcerias, apresentou a diversidade da nossa cinematografia em favor do desenvolvimento socioeconômico”, afirmou a coordenadora do evento e diretora da Universo Produção, Raquel Hallak.

Consolidado e com participação crescente de toda a classe audiovisual, a Mostra CineBH reafirma o papel de agregadora de parceiros, oferecendo em Belo Horizonte um espaço inédito no país para se firmar acordos, trabalhos em conjunto, coproduções e também discutir os rumos do mercado audiovisual no Brasil e no mundo.

 

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